» » » » Lição 4 - A celebração da primeira Páscoa

 
TEXTO ÁUREO:
“[...] Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1Co 5.7b).

VERDADE PRÁTICA
Cristo é o nosso Cordeiro Pascal. Por meio do seu sacrifício expiatório fomos libertos da escravidão do pecado e da ira de Deus.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Êxodo 12.1-11.

COMENTÁRIO

I. A PÁSCOA

1. Para os egípcios. Para os egípcios a Páscoa significou o juízo divino final sobre o Egito, Faraó e todos os deuses cultuados ali. Foi uma noite pavorosa para os egípcios e inesquecível para os israelitas.

Até o primogênito dos animais egípcios morreram. Porque quase todos os deuses do Egito eram semelhantes a algum animal, com feições humanas. Logo, a morte do primogênito de cada tipo de animal mostraria a falibilidade e a impotência das divindades pagãs que haveriam de protegê-los.

2. Para Israel. 
O Egito, a escravidão e Faraó ficariam para trás. A primeira noite pascal foi uma noite do Senhor, digna de ser observada; porém, a última noite pascal, em que Cristo foi traído, e que colocou fim a primeira pascoa com as demais cerimonias judaicas, foi uma noite do Senhor, que deve ser muito mais comemorada. Em tal ocasião, foi quebrado e retirado de nosso pescoço um jugo, mais pesado que o jugo do Egito, e foi posta a nossa frente uma terra melhor do que a terra de Canaã. Foi uma redenção que e digna de ser comemorada no céu, por toda a eternidade. (Matheus Henry)

Ex 12.2 – UM NOVO CALENDÁRIO – De acordo com o ano civil, Israel estaria no sétimo mês do ano, o mês de Tisri. Entretanto, na saída do Egito, o Senhor determinou nova contagem dos tempos, considerando o início dos meses do ano, a contar daquele dia em que haveriam de serem libertos. O ano sagrado, decretado na Páscoa, passou a começar no mês de Abibe (correspondente à parte de março e à parte de abril do nosso calendário). Uma nova era raiou para Israel. Da mesma forma, quando, nos dias atuais, alguém alcança a salvação em Cristo, começa uma nova vida – II Cor 5.17; Ez 11.19; Ef 4.24; Hb 10.20.
O cajado e as sandálias eram objetos que as pessoas usavam fora da casa. Assim, apesar de estarem ainda dentro de suas casas, eles estavam preparados para sair delas, prontos para a jornada. Os servos de Deus são peregrinos nessa terra e, apesar de estarem neste mundo, devem preparar-se para trilhar uma jornada de fé rumo à Canaã celestial. 


3. Para nós.  No Egito um cordeiro foi imolado para cada família. Na cruz morreu o Filho de Deus pelo mundo inteiro (Jo 3.16). No êxodo, Deus ordenou o sinal do sangue, não porque Ele não tivesse outra forma de distinguir os israelitas dos egípcios, mas porque queria ensinar ao seu povo a importância da obediência e da redenção pelo sangue, preparando-o para o advento do "Cordeiro de Deus”, que séculos mais tarde tiraria o pecado do mundo (João 1:29).
O livramento da morte depende da morte do Cordeiro (Ex 12.4-6). Não foi a vida do cordeiro, mas sua morte que trouxe livramento para os israelitas. Assim, também, somos libertos da morte pela morte de Cristo. Ele morreu a nossa morte. Ele é o nosso cordeiro pascal;

O livramento da morte depende de estar debaixo do abrigo do sangue (Ex 12.7,13,14);

Os que foram libertos pelo sangue precisam se alimentar do Cordeiro (Ex 12.8-12) ;

Os que celebram a Páscoa do Senhor precisam lançar fora todo o fermento da maldade (Ex 12.15-20);

A antiga aliança feita por Deus com o povo de Israel era marcada pelos símbolos da Circuncisão e da Páscoa. O Batismo substitui a Circuncisão e a Santa Ceia substitui a Páscoa para o cristão.

SINOPSE DO TÓPICO (I): Para nós cristãos a Páscoa é a passagem da morte dos nossos pecados para a vida de santidade em Cristo.

II. OS ELEMENTOS DA PÁSCOA

1. O pão.

Pães ázimos são os pães sem fermento, e eram usados nessa comemoração para simbolizar que o povo de Israel, uma vez libertado do Egito, deveria viver sem o fermento, ou influência, das impurezas do Egito, como a idolatria, a magia e os costumes depravados: teriam de viver como povo separado e consagrado a Deus.

2. As ervas amargas (Êx 12.8). Simbolizavam toda a amargura e aflição enfrentadas no cativeiro. Foram 430 anos de opressão, dor, angústia, quando os hebreus eram cativos do Egito.

Segundo estudiosos, tais ervas seriam alface, escarola, chicória, serpentária, hortelã e dente-de-leão, entre outras. Ao comerem a páscoa, esses ingredientes relembrariam a amargura sofrida no Egito. Serviam para chamar a atenção dos participantes para o amargor da vida em cativeiro, de que o Senhor os estava livrando, para que nunca mais quisessem voltar atrás. As ervas amargas incluídas na celebração dos israelitas tinham a finalidade de não deixá-los esquecer do grande sofrimento que enfrentaram por 430 anos. Sendo assim, cada vez que os seus descendentes comemorassem a páscoa, saberiam o quanto seus antepassados sofreram no Egito e honrariam ao Senhor por serem libertos.


3. O cordeiro (Êx 12.3-7). O cordeiro da Páscoa judaica era uma representação do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

UM MACHO DE UM ANO – Poderia ser um cordeiro ou um cabrito. O fato de ser requerido que o animal fosse de um ano estava em vista a sua inocência. Nesse aspecto, representava Cristo, que foi entregue por nós, sendo totalmente inocente quanto à culpa pelos nossos pecados – Mt 27.4a.

GUARDADO ATÉ O 14º DIA – Ex 12.3, 6 – O cordeiro deveria ser tomado no décimo dia do mês de abib e guardado até o décimo quarto dia, em observação pela família que o iria sacrificar. Jesus, como Cordeiro de Deus, também foi examinado pelos que o crucificaram, e nele não se achou falta alguma – Lc 23.4. Jesus, cumprindo rigorosamente esta profecia tipológica, entrou em Jerusalém quatro dias antes da Páscoa.

A MORTE DO CORDEIRO – Ex 12.6 – O cordeiro era morto em todas as casas à tarde. Flávio Josefo, o grande historiador judeu, informa-nos que este sacrifício se dava entre as três e cinco horas da tarde, o que é mais uma demonstração de que apontava para a morte de Jesus, pois, como informa a Bíblia, Jesus morreu por volta da hora nona, ou seja, três horas da tarde (Mt 27:46; Mc 15:34; Lc 23:44), devendo ter sido retirado da cruz por volta das cinco horas da tarde, já no término do dia, que era o da preparação da Páscoa (João 19:38-42).


O SANGUE DO CORDEIRO – Ex 12.7 – O sangue deveria ser posto sobre ambas as ombreiras (partes verticais da porta) e na verga (parte horizontal, sobre as ombreiras). Nessas partes, o sangue seria visto por todos. Não seria posto na soleira, evitando, assim, ser pisado. Por esse sangue eles seriam salvos, quando da passagem do anjo da morte (Ex 12.23). Da mesma forma, é pelo sangue de Cristo sobre nós que somos salvos da ira de Deus – Rm 5.9.
A CARNE ASSADA NO FOGO – Ex 12.8 – Em todo procedimento da celebração da páscoa, vemos um tipo de Cristo. A carne assada no fogo, representa o fogo da ira de Deus que Jesus suportou em nosso lugar, a ponto de ser abandonado na cruz – Mt 27.46.
CADA FAMÍLIA TERIA O SEU PRÓPRIO CORDEIRO – Se, entretanto, fosse pequeno, se uniria a outra família, calculada a proporção da comida. Nesse procedimento havia união, confraternização, solidariedade e economia. Um povo que estava para entrar no deserto, rumo à terra prometida, não podia desperdiçar comida.

(2) – A ceia devia ser comida estando todos de pé, calçados e tendo seus cajados à mão, prontos para uma saída repentina.

(3) – Deviam ter as roupas presas ao corpo por cintos. As vastas e esvoaçantes roupas, conforme o costume, seriam um embaraço para a caminhada apressada que teria de fazer. O crente em sua caminhada cristã, não deve ser embaraçado, mas estar cingido pela verdade. É a verdade da Palavra de Deus que arruma, e prende suas idéias e atitudes, para que ande fielmente, e não seguindo ventos de doutrinas – Ef 6.14.
Deus estava preparando um povo santo, para Seus propósitos. Para revelar Sua Palavra através dEle, e para na plenitude dos tempos enviar o Seu Filho Unigênito. A páscoa e a festa dos ázimos seriam os dois memoriais a lembrar ao povo, perpetuamente:

(A) – Que Deus os libertou da escravidão com mão forte e com maravilhas;
(B) – Que, uma vez libertados, deviam viver como povo sem o fermento das maldades dos outros povos, consagrado ao Senhor.

O cordeiro, uma vez sacrificado, deveria ser assado, inteiro, sendo comido, então, à noite, com pães ázimos e ervas amargas (Êx 12:8,9), queimando-se tudo o que restasse naquele mesmo dia (Êx 12:10). Isto nos fala, também, que o sacrifício de Jesus era completo, não teria de ser repetido, nem restaria algo a ser realizado depois de sua efetivação. O sacrifício se daria com sofrimento (ervas amargas) e com sinceridade (os pães ázimos), mas traria vida ao povo de Deus. O fato de o cordeiro ser assado e, depois, retirado do forno para ser consumido, também tipificava a ressurreição de Cristo.
Aquela refeição foi preparada para a família (Ex. 12.3,4), isso mostra que Deus atenta para a proteção dos lares

SINOPSE DO TÓPICO (II): Os três elementos da Páscoa eram: o pão, as ervas amargas e o cordeiro sem mácula.

III. CRISTO, NOSSA PÁSCOA

1. Jesus, o Pão da Vida (Jo 6.35,48,51). Comemos pão para saciar a nossa fome, porém, a fome da salvação da nossa alma somente pode ser saciada por Jesus.

2. O sangue de Cristo (1Co 5.7; Rm 5.8,9). No Egito, o sangue do cordeiro morto só protegeu os hebreus, mas o sangue de Jesus derramado na cruz proveu a salvação não apenas dos judeus, mas também dos gentios.

 “... Sem derramamento de Sangue não há remissão”(Hb 9:22).


3. A Santa Ceia.  É um memorial da morte do Cordeiro de Deus em nosso lugar.

Na santa ceia, quem estava presente era o antítipo, o próprio Cristo. Ora, se o antítipo se apresentou, não mais seria necessário o tipo. O símbolo foi substituído pela realidade. Cristo é a nossa páscoa. O cordeiro, como animal, não precisa ser imolado, pois o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, já se manifestou (I Cor 5.7 cf I Jo 3.8).
As Igrejas de Cristo não comemoram páscoa. Não há por que fazê-lo. O Senhor Jesus, ao instituir a ceia para os Seus discípulos, substituiu a páscoa por ela (santa ceia). As verdades contidas na páscoa, simbólica e provisoriamente, foram incorporadas definitivamente na ceia: O Cordeiro de Deus foi sacrificado na cruz, e Seu sangue resgatou do pecado e, agora, somos Seu povo. Na santa ceia, comemora-se o corpo de Cristo dado por nós e o Seu sangue por nós derramado, no qual temos a redenção. Nada de páscoa. Nós comemoramos nossa redenção pelo sangue do Cordeiro de Deus, na ceia do Senhor.


SINOPSE DO TÓPICO (III): A Ceia do Senhor é um memorial da morte redentora de Cristo por nós e um alerta quanto à sua vinda.

CONCLUSÃO

 Jamais se esqueça que Cristo morreu em seu lugar. Este é um dos princípios da Ceia do Senhor. Jesus declarou: “Em memória de mim” (1Co 11.24,25). Todas as vezes que participarmos da Ceia temos que recordar da nossa passagem, da escravidão do pecado, para uma nova vida em Cristo (1Co 5.17).

 
 Antes da construção do Templo em Jerusalém, em cada Páscoa os israelitas reuniam-se segundo suas famílias, sacrificavam um cordeiro, retiravam todo fermento de suas casas e comiam com pães asmos e ervas amargas (Núm 9.11). O chefe da casa recitava a história de como seus ancestrais experimentaram o êxodo milagroso na terra do Egito e sua libertação da escravidão sob Faraó. Assim, de geração em geração, o povo israelita relembrava a redenção divina e seu livramento do Egito (Êx 12.26). – Algumas outras afeições suplementaram a solenidade da Páscoa; de acordo com fontes judaicas tradicionais, empregavam «quatro» cálices de vinho misturado com água que a Lei não fala; cantavam os Salmos 113 a 118 (Isaías 30.29). Punham a mesa um prato de frutas desfeitas em vinagre, formando uma pasta, como recordação da argamassa que eles empregavam nos trabalhos do cativeiro egípcio.

Depois da construção do Templo, Yahweh ordenou que a celebração da Páscoa e o sacrifício do cordeiro fossem realizados em Jerusalém (Deut 16.1-6). Faziam-se grandes preparativos em Jerusalém na época da Festa da Páscoa, visto que celebrar a Páscoa era um registro da Lei para todo varão israelita e não-israelita que estivesse circuncidado (Núm 9.9-14). Isto significava que muitas pessoas viajavam à Jerusalém com muitos dias de antecedência. Chegavam antes da Páscoa, a fim se purificarem cerimonialmente (João 11.55). Diz-se que com cerca de um mês de antecedência se enviava homens para reparar as pontes e colocar as estradas em boas condições para a jornada dos peregrinos a Jerusalém. Visto que o contato com um cadáver tornava a pessoa cerimonialmente impura, tomavam-se precauções especiais para proteger o viajante. Por ser costumeiro enterrar pessoa em campos abertos caso morressem ali, então os sepulcros eram caiados alguns dias de antecedência para serem claramente distinguíveis à distância (Mat 23.27).

Josefo informa-nos que até três milhões de pessoas podiam estar presentes em Jerusalém na Festa da Páscoa.

 Nota:  O grupo dos Salmos 113-118, Hallel (louvor) passou a ser conhecido como o Hallel Egípcio, devido à sua associação com o livramento de Israel da servidão egípcia. Esses Salmos eram usados por ocasião das três principais festividades (Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos), e por ocasião da dedicação do Templo. Por ocasião da Páscoa, eram entoados os Salmos 113 e 114, antes da refeição pascal, e os Salmos 115 a 118, após a mesma, conforme foi observado por Jesus e Seus discípulos, na última Ceia (Mat 26.30).

Sobre Unknown

Edilson Pereira é pregador do Evangelho há 20 anos, tendo ministrado a Palavra de Deus em vários estados do Brasil. O mesmo é Professor de EBD, Escritor e Blogueiro.
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