Pr. Esequias Soares da Silva**
 
- A expressão “dez mandamentos”, que, no original hebraico é, na verdade, “dez palavras” só se encontra três vezes na Bíblia Sagrada, a saber: Ex.34:28; Dt.4:13 e Dt.10:4.

- As “dez palavras” foram proferidas por Deus no monte Sinai quando foi formalizada a aliança entre Deus e Israel – Ex.20:1.

- A expressão “palavras” é mais apropriada pois temos 8 proibições e 2 conselhos.

- As “dez palavras” estão elencadas como um todo em apenas duas passagens na Bíblia Sagrada: em Ex.20:1-19 e Dt.5:1-21.

- Há dezessete diferenças entre Ex.20 e Dt.5 na língua hebraica. Em português, há dez diferenças na Versão Almeida Revista e Corrigida, que é o texto padrão estabelecido pela Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB). Estas diferenças, no entanto, não mudam o contexto, o significado que é igual em ambas as relações dos dez mandamentos.

- Em Deuteronômio, Moisés recapitula o que Deus falou e foi por Moisés registrado em Êxodo 20.

- Os dez mandamentos fazem perto da lei de Deus. O Decálogo em si não é a lei de Deus.

- Não há Bíblia um texto mais inspirado do que outro, de modo que é incorreto achar que os “dez mandamentos” são mais inspirados do que o restante que se encontra na Bíblia Sagrada.

- O termo “lei de Deus” aparece apenas sete vezes na Bíblia Sagrada e, em nenhuma deles, diz respeito ao Decálogo. Eis as referências bíblicas: Js.24:26; Ne.8:8,18; 10:28,29; Rm.7:22,25; 8:7.

- Podemos considerar que os dez mandamentos são princípios morais, com exceção do quarto mandamento, ou seja, o mandamento do sábado.

- A Bíblia não distingue entre lei moral e lei cerimonial, uma distinção que surgiu apenas na Idade Média, com Tomás de Aquino.

- As “dez palavras” foram escritas por Deus em duas tábuas, que se entendem serem os “preceitos verticais”, que tratam do relacionamento entre Deus e o homem e os “preceitos horizontais”, que tratam do relacionamento entre os homens.

- Há discussão de quantos mandamentos havia em cada tábua. Os primeiros escritores da Igreja entendem que cada tábua possuía cinco preceitos. A partir de Calvino, passou-se a entender que a primeira tábua possuía quatro mandamentos e a segunda, seis mandamentos.

- Além do mais, é preciso observar que o sábado cria um mandamento híbrido, tanto vertical quanto horizontal, pois fala tanto de lembrar de Deus neste dia, como também estabelece um necessário descanso que deve haver  em relação aos servos.

- A lei de Deus, que é um livro, que não se distingue da lei de Moisés, possui tanto preceitos morais, quanto preceito civis e preceitos cerimoniais. Não se distingue lei de Moisés de lei de Deus, como se pode verificar nas referências bíblicas: Js.8:31,32; 23:6; I Rs.2:3; II Rs.14:6; 23:25; II Cr.23:18; 30:16; Ed.3:2; 7:6; Ne.8:1; Dn.9:11,13; Ml.4:4; Lc.2:22; 24:44; Jo.7:23; At.13:39; 15:5; 28:23; I Co.9:9; Hb.10:28.

- Os dez mandamentos contêm nove preceitos morais e um preceito cerimonial, que é o sábado.

- O sábado é um preceito cerimonial. Jesus diz que o sábado é um preceito cerimonial em Mt.12:1-5, pois o sacerdote podia violá-lo e ficar sem culpa, pondo este preceito no mesmo nível do preceito que mandava que só os sacerdotes podiam comer dos pães da proposição, que é nitidamente um preceito cerimonial.

- Ao dizer que o mandamento do sábado poderia ser violado, Jesus mostra que não se tratava de um preceito moral, pois preceitos morais não admitem exceções, não comportam espaço para serem violados.

- A circuncisão, outro preceito cerimonial, tinha de ser feita no sábado e, portanto, tem-se mais um caso de violação do sábado, a demonstrar, também, que tal preceito não é moral, mas cerimonial.

- Em Rm.14:2-6, Paulo também considera o sábado como preceito cerimonial, no mesmo nível das regras dietéticas que, como é consensual, são preceitos cerimoniais.

- O sábado é o segundo sinal entre Deus e Israel, pois o primeiro é a circuncisão. Isto é explícito em Ex.31:13,17.

- Os preceitos morais dos dez mandamentos, que são os outros nove mandamentos, foram resgatados pela graça e adaptados à graça.

- A fé cristã não é uma coletânea de preceitos ou de mandamentos.

- Jesus cumpriu a lei, os mandamentos convergem para Ele, como se vê em Mt.21:43.

- Jesus cumpriu os preceitos civis e, por isso, depois d’Ele não há mais um Estado teocrático. O reino de Deus não é deste mundo.

- Jesus cumpriu os preceitos cerimoniais quando Ele foi levado ao Calvário e ofereceu o sacrifício vicário que tira o pecado do mundo e, por isso, não precisamos mais observar os preceitos cerimoniais. Jesus substituiu o templo, é maior do que o templo.

- Nós não estamos debaixo da lei, mas, sim, da graça – Cl.2:14-17.

- Em Rm.14:15, Paulo reitera que não estamos debaixo da lei, mas temos de nos abster do pecado.

- Em Rm.7:6, fica claro que estamos livres da lei para servir a Jesus Cristo.

- O Cristianismo não é antinomista, mas a lei tem valor como instrução divina, como Escritura inspirada para nós.

Anotação de Caramuru Afonso Francisco de ministração efetuada, por ocasião do lançamento do novo currículo das Lições Bíblicas da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) na reunião de obreiros da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede – São Paulo, na futura sede, no dia 1º de dezembro de 2014, às 10 horas.

* Título dado pelo anotador
** Presidente das Assembleias de Deus em Jundiaí/SP, membro dos Conselhos de Doutrina e de Apologética da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) e comentarista das lições de adulto do 1º trimestre de 2015 das Lições Bíblicas da CPAD.

Sobre Unknown

Edilson Pereira é pregador do Evangelho há 20 anos, tendo ministrado a Palavra de Deus em vários estados do Brasil. O mesmo é Professor de EBD, Escritor e Blogueiro.
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