INTRODUÇÃO
Conforme destacou John Stott, “o cristianismo é, em essência, a religião da ressurreição”. Por isso nesta última aula nos voltaremos para a narrativa lucana da ressurreição de Cristo. Inicialmente destacaremos que o túmulo foi aberto, em seguida os olhos e o coração dos discípulos foram abertos, e ao final, a mente e os lábios deles se abriram. A ressurreição de Cristo, conforme atestaremos ao longo desta aula, é o maior evento de todos os tempos, além de ter profundo significado para os cristãos.
1. UM SEPULCRO ABERTO
A mensagem do evangelho se fundamenta na ressurreição de Cristo (I Co. 15.1-8), e a partir dela podemos reconhecer que Jesus é, de fato, o Filho de Deus (Rm. 1.4). Ele não apenas morreu pelos nossos pecados, mas também ressuscitou, comprovando a aceitação do Seu sacrifício (Rm. 4.24,25). Existem vários testemunhos que testificam a ressurreição de Jesus, todos eles de pessoas que viveram ao lado dele. Ele apareceu a Maria Madalena (Jo. 20.11-18), depois às outras mulheres (Mt. 28.9,10), e em seguida, aos homens no caminho de Emaús (Lc. 24.13-22). Posteriormente apareceu a Pedro (Lc. 24.34) e ao Seu meio-irmão Tiago (I Co. 15.7). Certa ocasião apareceu aos apóstolos (Lc. 24.36-43), quando Tomé não estava presente, e uma semana depois, para ser visto por Tomé (Jo. 20.26-31). Por fim, apareceu aos discípulos, antes de subir ao céu, comissionando-os a testemunharem do evangelho (At. 1.1-18). Maria Madalena foi a primeira chegar ao túmulo, juntamente Maria, mãe de Tiago, e outras mulheres piedosas (Lc.24.10). Elas estavam preocupadas sobre quem removeria a pedra do sepulcro, pois pretendiam preparar o corpo de Jesus para o sepultamento. Os anjos apareceram às mulheres, informando que Jesus não estava mais ali, por ter ressuscitado (Mt. 28.2; Mc. 16.5). Entusiasmadas, as mulheres correm para contar aos discípulos, por conseguinte, Pedro e João examinam o túmulo (Jo. 20.1-10), atestando que Jesus não estava mais naquele local. Em Jerusalém, há um sepulcro, identificado com aquele no qual Jesus teria sido colocado, e está escrito em inglês: Ele não está mais aqui, pois ressuscitou. Esse é o fundamento da doutrina cristã, Jesus está vivo (Gl. 2.20).
2. OS CORAÇÕES DOS DISCÍPULOS SÃO ABERTOS
Lucas registra o encontro de Jesus com dois discípulos no caminho de Emaús, um vilarejo que distava 12 quilômetros ao norte de Jerusalém. Eles estavam desanimados, talvez tivessem ouvido o relato da ressurreição do Senhor, mas não acreditaram. Mas Jesus os acompanhou, ouvindo a respeito do que eles discorriam ao longo da jornada. Até que Jesus se manifesta a eles, e utiliza as Escrituras para testificar dos fatos ocorridos naqueles últimos dias. Evidentemente a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm. 10.17), aqueles discípulos precisam abrir não apenas os olhos, mas também a mente e o coração (Lc. 24.25,32). Há muitos pregadores que estão esquecendo o cerne da mensagem evangélica: a cruz de Jesus Cristo (I Co. 2.1-5). O centro das Escrituras é Jesus Cristo, é Ele quem devemos pregar, desde Gêneses (Gn. 3.15) até o Apocalipse (Ap. 20.21,22). Jesus é a chave hermenêutica para a compreensão das Escritures, sem esse Fundamento a Bíblia torna-se um livro confuso, e não poucas vezes, legalista (Lc. 24.47). O coração daqueles discípulos ardeu enquanto Jesus expunha, ou seja, fazia a exegese dos textos do Antigo Testamento. As igrejas genuinamente evangélicas não podem se distanciam do ensinamento bíblico, os pastores devem retornar à pregação expositiva, fundamentada em uma exegese cristocêntrica.
Lucas destaca algumas emoções perturbadoras entre os discípulos, após a ressurreição de Jesus. Isso porque aquele episódio era tão extraordinário que eles não conseguiam se conter, a eles foi também revelado o motivo da morte e ressurreição do Senhor, até então incompreendida pelos discípulos (I Pe. 1.10-12). Depois dessa revelação, eles passaram a testemunhar com ousadia, sobretudo no poder do Espírito Santo (At. 1.8), a respeito da ressurreição de Jesus (At. 4.33). Existem estudos evidencialistas que se propõem a provar que Cristo realmente ressuscitou. Esses tratados apologéticos são úteis para convencer as mentes céticas em relação a esse episódio. Várias pessoas viram Jesus ressuscitado, e todas elas assumiram publicamente esse fato. Não há qualquer registro histórico que questione na época que a ressurreição tenha sido um engodo dos discípulos, ainda que as autoridades romanas tentaram “plantar” essa notícia (Mt. 28.11-15). Além disso, ninguém daria a vida por uma mentira, e os discípulos foram martirizados porque testemunharam a respeito da morte e ressurreição do Senhor. Essa mensagem revolucionou o mundo, pois diferentemente dos iniciadores religiosos, Jesus não está mais no sepulcro. A ressurreição de Jesus tem significado especial para a igreja, pois Ele agora está no céu assentado no trono (Jo. 17.5,11), Ele conquistou todos os inimigos e reina sobre todas as coisas (Ef. 1.18-23). E mais, ministra no céu, como Sumo Sacerdote (Hb. 7.25) e nosso Advogado (I Jo. 2.1).
CONCLUSÃO
A ressurreição de Jesus antecipa a ressurreição de todos aqueles que nEle acreditam, pois nEle também ressuscitarão (Rm. 5.17). A igreja aguarda o arrebatamento, quando Cristo voltará para levar para Si aqueles a quem redimiu (I Ts. 4.13-17). Mas temos a convicção que Jesus se tornou as primícias daqueles que ressuscitarão primeiro (I Co. 15.23). Ele ressuscitou, e se isso não tivesse acontecido, seria vã a nossa fé (I Co. 15.17). Mas como afirma a letra do hino sacro: porque Ele vive posso crer no amanhã, temor não há, pois nossas vidas está nas mãos dAquele que vivo está.
BIBLIOGRAFIA
MARSSHALL, I. H. Luke: historian and theologian. Downers Grove: IVP, 1998.
WEIRSBE, W. W. Luke: be courageous. Colorado Springs: David C. Cook, 1989.
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