INTRODUÇÃO
Na aula de hoje nos voltaremos para o capítulo 2 da Primeira Epístola a Timóteo. Nessa parte Paulo orienta à comunidade, bem como o seu líder, que orem pelas autoridades. Em seguida, mostra seu desejo de Deus de que todos cheguem ao conhecimento da salvação, por meio de Jesus Cristo. E ao final, apresenta algumas recomendações às mulheres, a fim de manter a ordem no culto. É importante ressaltar, a princípio, que essa será uma oportunidade não apenas de restringir, mas também de incentivar o serviço das mulheres na Igreja.
1. ORAÇÃO PELAS AUTORIDADES
A oração é uma responsabilidade de todo cristão, principalmente pelas autoridades constituídas (I Tm. 2.2). Nos tempos do Apóstolo é provável que esse se referisse ao imperador romano, e aos seus súditos, que governavam as províncias. Todo cristão está debaixo das autoridades, e essas são dadas para domínio, e preservação do bem comum, inclusive quando recorrem ao julgamento (Rm. 13.1). Talvez o apóstolo já antecipasse os dias maus que viriam no futuro, sob o império de Nero, que perseguiria intensamente os cristãos. A oração pelas autoridades não é a mesma coisa que obediência irrestrita. O próprio Paulo, em At. 16.37-40, apelou para seu direito como cidadão romano, quando foi injustamente penalizado. Há momentos que os crentes podem desobedecer às autoridades, quando a palavra dos homens quiser se impor sobre a Palavra de Deus (At. 5.26-29). Orar pelas autoridades é excelente, a fim de que os bons melhorem, e para o que são ruins não prosperem. No contexto da sociedade brasileira, a maior autoridade é a Constituição, todas as autoridades, presidentes e parlamentares, estão debaixo do seu crivo. Assim, sempre que uma autoridade age de maneira contrária à Carta Magna, está debaixo do juízo da lei, tornando-se susceptível às penas cabíveis. Além disso, os eleitores têm o direito de, através do sufrágio do voto, escolher com sabedoria, aqueles governantes que representam os interesses da sociedade. Não há respaldo bíblico, principalmente no Novo Testamento, para uma teocracia eclesiástica. O tratamento de Deus é com a Igreja, e essa é universal e invisível, não está restrita às fronteiras de uma nação. Somente Israel foi escolhida por Deus, e essa aguarda o cumprimento escatológico, que acontecerá no futuro, quando Cristo vier reinar (Ap. 19.16).
Enquanto o plano escatológico de Deus não se concretiza para Israel, a tarefa da igreja é missionária, ir até os confins da terra, propagando a boa nova de salvação, no poder do Espírito Santo (At. 1.8). É vontade de Deus que todos os homens sejam salvos, e venham ao reconhecimento da verdade (I Tm. 1.4). Para tanto, a Igreja precisa cumprir a Grande Comissão, fazendo discípulos em todas as nações, ensinando-os a guardar as coisas que Jesus ensinou (Mt. 28.19,20). Algumas igrejas evangélicas estão perdendo o foco, deixando de levar adiante a mensagem de salvação. A partir do que apregoam alguns pregadores televisivos, parece mais que o evangelho é uma má notícia. As pessoas precisam reconhecer o amor de Deus, e por causa dEle se arrependerem dos pecados, e se voltarem para Cristo (Jo. 3.16). Jesus é o Sumo Sacerdote, o Grande Mediador entre Deus e os homens (Hb. 8.6; 9.15; 12.24), Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo. 14.6), e em nenhum outro há salvação (At. 4.12). Estamos atualmente debaixo de uma nova aliança, na qual Cristo se põe no meio, a fim de nos livrar da maldição da lei (Gl. 3.13). Jesus se entregou em resgate por todos, não apenas um grupo previamente escolhido tem direito à salvação. A doutrina da predestinação calvinista, ainda que bem intencionada, com vistas a dar glória a Deus, não tem fundamento escriturístico. Trata-se de uma abordagem filosófica, alicerçada no determinismo, incompatível com a possibilidade bíblica de escolha. Deus amou o mundo, enviou Seu Filho, e dar vida eterna, mas espera que as pessoas creiam na Sua Palavra (Jo. 3.16). Ele depositou no coração de todas as pessoas, indistintamente, uma graça preveniente, para que todos tenham a possibilidade de aceitar ou rejeitar a salvação. O próprio Calvino se referiu a essa dádiva divina como “graça comum”, que é disponibilizada a todos os homens.
3. RECOMENDAÇÃO ÀS MULHERES
No final desse capítulo identificamos algumas recomendações de Paulo em relação ao comportamento das mulheres no culto público. Inicialmente quanto às vestimentas, para que se adornem com decoro (I Tm. 2.9). A palavra modéstia, no grego neotestamentario, é aidos e significa “senso de pudor” e bom senso é sofronsine, “juízo perfeito”. Isso quer dizer que as mulheres devem escolher bem as roupas com as quais irão ao culto. Evidentemente essa orientação se aplica também à vida cotidiana. A repreensão do Apóstolo visa evitar os excessos, principalmente no que tange à ostentação, com traças e ouro ou pérolas ou roupas caras. O recato da roupa, para não incitar a concupiscência, também não pode ser desconsiderado. A mulher cristã pode se vestir bem, sem precisar gastar absurdos, também em respeito àqueles que nada têm. Algumas mulheres dos tempos de Paulo usavam tranças com enfeites dourados, que demonstravam futilidade. Paulo não está incentivando o desleixo em relação à aparência, mas ressalta que o adorno deve ser o interior, demonstrado por meio de boas obras (I Tm. 2.10; 6.11,18; II Tm. 2.22; 3.17). Isso nos remete diretamente a I Pe. 3.3,4, a beleza da mulher cristã, em uma sociedade que supervaloriza padrões excludentes, está no interior, que é valiosa aos olhos de Deus. Em seguida, Paulo recomenda que as mulheres fiquem quietas na igreja, em silêncio. Ele destaca que é impróprio que uma mulher exerça autoridade sobre os demais membros. Essa orientação paulina se aplicava à realidade de Éfeso. Isso porque as mulheres, por não terem educação formal, e como aconteceu com Eva, eram influenciadas pelo engano dos falsos mestres, disseminando heresias na Igreja. Em geral, as mulheres podem ensinar, tanto em casa quanto na congregação, contanto que se fundamentem na Palavra, como fez Priscíla (At. 18.24-26)
CONCLUSÃO
As mulheres sempre tiveram papel fundamental no ministério de Jesus (Lc. 8.1-3), o próprio Paulo destaca a atuação delas em suas epístolas. Várias mulheres estiveram a serviço do evangelho (Rm. 16.1-3; Fp. 4.3), com destaque para as viúvas idosas (I Tm. 5.9, 10), as diaconisas (I Tm. 3.11), e as mantenedoras da obra (I Tm. 5.16). É preciso ressaltar que em Cristo não há diferença entre homem e mulher (Gl. 3.28). É importante, no entanto, que as mulheres não se apartem do chamado para gerarem filhos, com a meta de conduzi-los à salvação em Cristo (I Tm. 2.15).
BIBLIOGRAFIA
HENDRIKSEN, W. 1 e 2 Timóteo e Tito. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.
WEIRSBE, W. W. Be faithful: 1 & 2 Timothy, Titus and Philemon. Colorado Springs: David C. Cook, 2009.
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