INTRODUÇÃO
As Epístolas de Paulo a Timóteo (I e II) e Tito são conhecidas como Epístolas Pastorais desde o século XVIII, por orientarem o pastoreio das igrejas. Ao longo deste trimestre estudaremos essas epístolas, extraindo princípios para o ministério cristão. Na aula de hoje apresentaremos uma panorâmica dessas epístolas, ressaltando o conteúdo, estrutura, conceitos-chave e ênfases teológicas.
1. I TIMÓTEO
A I Epístola de Paulo a Timóteo apresenta orientações para a vida eclesiástica, nesta o Apóstolo exorta em relação ao ensino correto, delega missões aos crentes, estabelece princípios para a organização da igreja, destacando critérios para a escolha dos presbíteros e diáconos. Em seguida, exorta quanto ao tratamento dos idosos e viúvas na igreja, além de admoestar quanto ao perigo das riquezas. Um dos versículos-chave dessa Epístola se encontra em I Tm. 1.15: “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”. Paulo é bastante específico quanto a estrutura das reuniões e cultos, bem como a separação de novos líderes da igreja, com destaque para suas qualidades. Ele ressalta que os obreiros de Deus devem ser exemplo para os fiéis. Essa Epístola foi escrita por volta do ano 64 d. C., a Timóteo, um dos companheiros de Paulo nas viagens missionárias. O Apóstolo o enviou para Éfeso a fim de deter os falsos ensinamentos que eram propagados pelos adeptos do gnosticismo (I Tm. 1.3,4). Tratava-se de um obreiro jovem, por isso Paulo admoesta a igreja para que “ninguém despreze a tua mocidade”, por outro lado, ele “deveria ser exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza” (I Tm. 4.12). Alguns temas são predominantes nessa Epístola: 1) a preservação da sã doutrina, defendendo a fé dos falsos ensinamentos; 2) qualificações dos obreiros para que esses deem testemunho fiel de Cristo; 3) disciplina pessoal, a fim de cumprir os requisitos morais para o ministério; e 4) as responsabilidades da igreja, principalmente em relação aos mais pobres.
2. TITO
A Epístola de Paulo a Tito foi escrita no mesmo período de I Timóteo, após a libertação de Paulo da sua primeira prisão em Roma. Os temas eclesiásticos são basicamente os mesmos tratados naquela Epístola. Paulo trata a respeito dos pré-requisitos para a escolha dos diáconos e presbíteros, tendo em vista o combate aos falsos mestres. Em seguida o Apóstolo orienta quanto à organização das diferentes faixas etárias na igreja, e das camadas sociais distintas, bem como da lealdade a Cristo. Paulo também se preocupa com a relação do crente com o Estado, e destaca a relevância da lealdade a Cristo. Um dos versículos-chave dessa Epístola se encontra em Tt. 2.11: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens”. O livro de Atos não apresenta informações a respeito de Tito, o que é possível saber a respeito desse cooperador de Paulo se encontra em Gl. 2.1-3. A partir desse texto sabemos que era um cristão-judeu, que recebeu várias atribuições do Apostolo, dentre elas a de ir a Corinto, para orientar a igreja (II Co. 1.12; 8.5-16; 8.1-6). A data foi provavelmente escrita em 64 d. C., depois que Paulo foi libertado da prisão em Roma. Tito recebeu essa Epístola quando se encontrava em Creta, tendo sido deixado ali pelo Apóstolo, “para que pusesse em boa ordem as coisas que ainda restam” (Tt. 1.5). Alguns temas são mais importantes nessa Epístola, dentre eles destacamos: 1) a importância de uma vida íntegra, principalmente entre os obreiros; 2) a escolha de diáconos e presbíteros, considerando o caráter dos candidatos; 3) o relacionamento entre as pessoas de diferentes faixas etárias na igreja; e 4) a maneira dos cristãos se portarem na sociedade, obedecendo ao governo e trabalhando com honestidade.
3. II TIMÓTEO
Timóteo era um filho de um gentio e de uma cristã-judia de Listra (At. 16.1; II Tm. 1.5). Paulo o levou como colaborador do seu ministério durante a segunda viagem missionária, quando passou por aquela cidade (At. 16.3). O Apóstolo confiava nesse jovem obreiro, por isso delegou-lhe várias responsabilidades (I Ts. 3.2,6), principalmente no período em que se encontrava na prisão (Fp. 2.20). A II Epístola de Paulo a Timóteo foi escrita justamente durante o período em que estava preso em Roma, diante da grande perseguição empreendida por Nero, por volta do ano 67 d. C. Ciente da sua passagem iminente, Paulo instrui Timóteo para que pregue a palavra com ousadia; que esteja preparado para a perseguição, o cuidado com a ameaça dos falsos mestres; a necessidade da fidelidade ao ministério da palavra. Um dos versículos-chave dessa Epístola se encontra em II Tm. 3.16: “Toda Escritura é inspirada por Deus é útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”. Paulo estava preso, e é comovente saber que ele estava com frio, e tinha necessidade dos livros (II Tm. 4.13). Naqueles que provavelmente seriam seus últimos dias na terra, Paulo conclama Timóteo a apresentar-se como obreiro aprovado, que não tinha do que se envergonhar, que manejava bem a palavra da verdade (II Tm. 2.15). Alguns temas merecem destaque: 1) a coragem, considerando que a perseguição estava se intensificando; 2) fidelidade no ministério, mesmo em momentos de adversidade; e 3) importância do ensino e pregação, para se contrapor às falsas doutrinas que estavam se impregnando na igreja.
CONCLUSÃO
As Epístolas Pastorais de Paulo não servem apenas àqueles obreiros que as receberam no primeiro século: Timóteo e Tito. Na verdade, a intenção do Apóstolo era que esses textos fossem lidos nas igrejas, a fim de orientar os membros do Corpo de Cristo, em relação à sã doutrina. De igual modo, estudar essas Epístolas atualmente serve de orientação para a igreja contemporânea, para que essa se mantenha firme na Palavra, combatendo as heresias que ameaçam a doutrina verdadeiramente evangélica.
BIBLIOGRAFIA
CALVINO, J. Epístolas pastorais. São José dos Campos: Fiel, 2009.
ZEHR, P. 1 & 2 Timothy, Titus. Scottdale: Herold Press, 2010.
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