A ESPERANÇA

1 Tessalonicenses 4.13-18

 Estimados em Cristo!
Ontem foi celebrado o dia de finados. Ainda hoje muitos peregrinam para os cemitérios, lembrando seus ente queridos. Se um estrangeiro observasse nosso dia de finados, será que descobriria qual a esperança que move os cristãos?
Sim, qual é a nossa esperança? O apóstolo Paulo escreveu: "Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens" (1 Co 15.19). Mas o limite de nossa esperança está além desta vida. Que esperança é essa? O apóstolo afirma que nossa esperança está enraizada em "Cristo que morreu e ressuscitou". Por isso nós nos reunimos para culto, preferencialmente, no domingo, dia da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Somos filhos da ressurreição, da Páscoa. Como esta esperança se revela, atua e mostra em nossa vida? Como aplicamos isso diariamente ao nosso dia-a-dia?
Este era o problema da Comunidade em Tessalônica. Os fiéis ali criam que Jesus morreu e ressuscitou, mas não sabiam como aplicar isso a suas vidas e aos fiéis que haviam sido martirizados e mortos, por isso perguntam ao apóstolo a respeito, que responde a pergunta nesta carta.
A primeira afirmação do apóstolo: Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes, com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais que não tem esperança (v.13).
Não ter esperança! Que tristeza. Vemos isso nos finados. Quanto desespero nos cemitérios. A falta de esperança tem muitas faces: amor ao dinheiro, ao mundo, às festas de orgias, as drogas. Muitas vezes são pessoas que conheceram a Deus e a salvação em Cristo, mas não crêem. Vemos pessoas nos cemitérios rezando o Credo Apostólico: "Creio na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna", mas não sabem mais o que isso significa para suas vidas, na hora da morte e em relação aos que faleceram. Terrível! a tristeza de pessoas que não tem esperança.

A segunda afirmação do apóstolo: "Pois cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará juntamente em sua companhia os que dormem, v. 14." Isto é, temos plena certeza que Jesus morreu e ressuscitou. O que significa isso? Por que ele morreu e ressuscitou? Ele morreu e ressuscitou "por nós". Como "por nós"? Nós somos a causa de sua morte. Nós, com nossos pecados. Ele nos amou e morreu "por nós", para que pudéssemos ser perdoados, reconciliados com o Pai e nossos inimigos vencidos. Agora, as palavras "por vos", diz nosso Catecismos, exigem corações verdadeiramente crentes." Isto quer dizer: "arrependidos e confiantes no perdão de Cristo".
Pela fé em Cristo temos perdão de nossos pecados, paz e comunhão com Deus. Fomos enxertados em Deus por ocasião de nosso batismo e aceitos por Deus como seus filhos, para vivermos com Deus nesta vida e na eternidade. Temos estas bênçãos, enquanto na fé. Como isto se mostras no dia-a-dia? Amamos palavra de Deus que temos na Bíblia, confessamos seu nome e louvamos a Cristo por palavras e obras. Na confirmação prometemos: "Renuncio o diabo e toda sua popa, entrego-me a ti ó Deus Triúno, quero ser fiel a ti, na fé, nas palavras e nas obras." E o reafirmamos este juramente diariamente, como o confessamos na 4ª parte do Batismo: "Significa que o velho homem em nós, por contrição e arrependimento diários, deve ser afogado e morrer com todos os pecados e maus desejos, e, por sua vez, sair e ressurgir diariamente novo homem, que vive em justiça e pureza diante de Deus eternamente." Na explicação do 2° Artigo do Credo Apostólico: "Para que eu lhe pertença e eiva submisso a ele e o sirva em eterna justiça, inocência e bem-aventurança." No Ofertório, após termos ouvido a palavra de Deus, oramos cantando: "Cria em mim ó Deus um puro coração e renova dento em mim o espírito reto... Torna dar-me a alegria da tua salvação e sustém-me com um voluntário espírito." (Sl 51.10-12). Este "voluntário espírito" é para servir a Deus ali onde Deus nos colocou. Servir com abnegação, sacrifício e alegria, não 10%, 20%, mas 100%. Isto é, administrar nosso tempo, dons e bens conforme nossas responsabilidades em relação à família, sociedade e igreja. Isto envolve também nossas ofertas, a saber, empenho pela causa do Cristo. Neste empenho de confessar a fé, alguns foram martirizados e mortos. Cantamos no hino da reforma, Castelo Forte: "Se quiserem roubar os bens a vida e o lar, que tudo se vá, proveito não lhes dá os céus nos são deixados."

O apóstolo continua e aplica esta verdade aos que morreram: "Deus, mediante Jesus, trará juntamente em sua companhia os que dormem. Ora, ainda vos declaramos, pos palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos, até á vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que domem," v. 14 e 15.

Após falar da base de nossa esperança e de como isso se mostra no dia a dia, o apóstolo enfoque a esperança propriamente dita. Ele fala do juízo final, deste grande momento da volta de Cristo em glória. Do grande dia da ressurreição dos mortos. E isso é para ele e os fiéis do seu tempo tão real, que eles o esperam a qualquer momento. "Nos, os vivos, os que ficarmos, até a vinda do Senhor. Vos declaramos, por palavra do Senhor." Isto é absolutamente certo. É revelado em toda a Bíblia. O apóstolo toma a Bíblia como um todo, pois ela fala deste glorioso futuro do começo ao fim.

- Jo 5.29. Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão, os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.

- 2 Pe 3.10. Virá como ladrão, o dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos de desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas.

- 2 Co 5.10. Importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cad um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito, por meio do corpo.
Jesus virá dos céus, em glória, com todos os seus anjos, e trará em sua companhia os que dormem. Isto é, os que haviam falecido na fé, os que foram mortos, cujas almas estão com Jesus. Como Jesus o disse: - Mt 10.26. Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.

- Lc 23.43. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.
As almas dos fiéis, que estão na glória, Cristo as traz para que voltem a seus corpos ressuscitados, levantados do pó da terra, transformados e gloriosos. E, se estivermos vivos neste dia, nossos corpos serão transformados. Gloriosos estaremos ao lado dos ressuscitados, para ouvirmos do Senhor Jesus as palavras:

- Mt 25.34. Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na possa do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.

O apóstolo termina com uma exortação" Consolai-vos, pois, uns aos outros com essas palavras, v.18."
Este consolar é necessário. O apóstolo diz: "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque havemos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro, 1 Jo 3.2,3." Temos esta bênção, esta certeza do perdão, da paz com Deus, da esperança da ressurreição, da vida eterna, do novo céu e da nova terra em fé. Nada vemos agora, nem sentimos, nem podemos compreender, a Bíblia não o descreveu minuciosamente o céu, pois nossa mente corrupta nem o pode captar. Temos tudo isso em fé, que se apega e fundamenta na palavra de Deus.
Esta fé precisa ser alimentada. Pois há tentações e lutas na jornada. Precisamos de consolo, de exortação à fidelidade, para não esmorecermos. Nem deixar que fraquezas e erros dos irmãos nos desanime. Somos exortados ao consolo mútuo. Que estas palavras do apóstolo Paulo nos firmem nesta esperança, para lutarmos, proclamando estas verdades para salvação de muitos e sermos encontrados fiéis na fé, quando Deus nos chamar ou para o recebermos no dia do juízo.

Amém.